quinta-feira, 9 de junho de 2011

Indicação de leitura

O continente africano e a globalização

Eliane Yambanis Obersteiner

Especial para o Fovest

A África é hoje um continente pouco urbanizado, a alimentação se baseia
predominantemente no extrativismo vegetal e na caça, e a população rural
vive em habitações de barro e palha. Conservam-se tradições primitivas e,
embora islamismo, catolicismo e protestantismo estejam presentes entre a
população, o espírito de milhões de africanos é fortemente guiado pelo
animismo.
Todos os países possuem graves problemas sociais básicos como
alimentação, saúde, moradia e educação, a maioria sem perspectivas de
solução a curto e médio prazos. O que a globalização tem a ver com o
continente africano?
O processo de globalização que hoje domina o cenário da economia
internacional caracteriza-se pelo investimento dos grandes capitais em
países de economia emergente, onde a possibilidade de lucro mostra-se
maior. No entanto, nem todas as economias nacionais são alvo de interesse
por parte dos principais investidores.
Nesse contexto, encaixa-se a maior parte dos países africanos, que está à
margem desse processo. Atualmente, o capital disponível para investimento
tem como preferência a América Latina, os países do Leste Europeu e
asiáticos. Isso é um problema para a África, pois, sem esse capital,
dificilmente se desenvolverá, devido à precariedade estrutural em que se
encontra. Do ponto de vista histórico, a vinculação africana ao mercado
internacional foi desastrosa e desorganizadora da economia tribal, já que a
relação dos países economicamente hegemônicos com o continente sempre
foi exploradora e predatória. Durante o mercantilismo, o principal papel
desempenhado pela África em relação ao mercado mundial foi o de
fornecedor de mão-de-obra para o sistema escravocrata.
Na fase contemporânea da história, o interesse europeu volta-se para a
expansão capitalista na forma de um neocolonialismo que submeterá o
continente aos interesses exploratórios de recursos naturais e de mercado.
Quando o colonialismo termina, a independência pouco altera a situação da
população, uma vez que a maior parte dos Estados Nacionais é opressora e
perdulária, dominada seja por civis, seja por militares. Além disso, os
constantes conflitos étnicos colaboram para agravar a situação, gerando
gastos e instabilidade política que retardam ainda mais o desenvolvimento.
Os efeitos de quase cinco séculos de exploração e estagnação justificam o
isolamento africano. A defasagem de seu desenvolvimento social e
econômico é imensa, inviabilizando sua inserção no processo de
globalização.

* Eliane Yambanis Obersteiner é professora de história do Colégio Equipe.

Um comentário:

  1. Gostei bastante do Texto.O entendimento das relações neocoloniais existentes do continente africano muito explica as condições atuais dos países africanos. Sem dúvida, debater esses relações dentro da sala de aula é um bom caminho para explicarmos as origens da miséria no continente africano.

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